segunda-feira, 14 de maio de 2012

MÓRMONS E NEGÓCIOS: A FÉ DOS SOCIÓLOGOS NAS CORRELAÇÕES

Não é que há sociólogo que ainda crê em causa-e-efeito. Nem corintiano tem tanta fé :>

É curioso como, depois de 150 anos de teoria sociológica, ainda não se admita na causalidade múltipla e complexa. A história e os dados têm mostrado que não há fatores explicativos mágicos, explicações pivotais e centroavantes que não cavem pênaltis. Transformamos pistas em conclusões.


Parece que Weber segue como desculpa para a preguiça analítica :-)



The Mormon way of business
(The Economist)

The Mormons have produced a striking number of successful businesspeople
JOKES about sacred underpants have reached epidemic proportions, thanks to Mitt Romney’s presidential bid and the musical masterpiece by Matt Stone and Trey Parker, “The Book of Mormon”. But the Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints, to give it its full name, is fighting back. A huge advertising campaign features ordinary people doing ordinary things—a white man sporting a beard, a black man sporting a moustache and a young skateboarder flying through the air—with the tag line: “I’m a Mormon.”
The snag is, not everyone will buy the idea that Mormons are just like the rest of us. They don’t get drunk. They have large families, stable marriages and a three-month supply of food in the larder in case of Armageddon. They are usually clean-cut and neatly dressed (the facial hair in the “I’m a Mormon” ads is thankfully atypical). And they have a passion for business.

Less than 2% of Americans are Mormons, yet their commercial prominence belies their numbers. Mitt Romney founded Bain Capital, a private-equity powerhouse. Jon Huntsman senior (the father of Mr Romney’s rival for the Republican crown) founded Huntsman Corporation, an $11 billion chemicals giant. David Neeleman has founded two cut-price airlines: JetBlue in America and Azul in Brazil. Ralph Atkin started a third: SkyWest Airlines. Eric Varvel is the boss of Credit Suisse’s investment bank, Harris Simmons heads Zions Bancorporation, a more local bank, and Allan O’Bryant runs the Japanese arm of Reinsurance Group of America. J.W. Marriott runs the hotel chain his father created. Had Max Weber lived a century later, he might have made sweeping generalisations about the “Mormon work ethic”.

Mormons have constructed a huge pro-business infrastructure. The Marriott School at Brigham Young University provides among the best value for money of any business school in America, charging Mormons just $10,000 a year, a fifth of the fees at the leading schools. Mormons are such a force at Harvard Business School that people joke about being dominated by the three “Ms” (the other two are McKinsey and the military). Clayton Christensen of Harvard is one of the world’s leading management thinkers. Stephen Covey, the author of “The 7 Habits of Highly Effective People”, is one of its leading self-help gurus.

Small wonder young Mormons keep pouring into business. Provo, the home of Brigham Young University, is a high-tech hub, the home of Novell and hundreds of other computer and graphic-design companies. Big investment banks have added the Marriott School to Harvard and Wharton as one of their favourite hunting grounds. Goldman Sachs has opened one of its largest offices outside New York in Salt Lake City. Jeremy Andrus, a young chief executive, has recently taken Skullcandy, a headphone company, public for $125m. Household income in Utah, where Mormons predominate, is above the American average.

What explains the Mormons’ success? Clean living probably helps: alcohol clouds judgment and lubricates bad deals. A history of persecution may breed self-reliance: 19th-century Mormons trekked westwards across plains and mountains to escape the kind of bigots who murdered their founder, Joseph Smith, in 1844. Modern Mormons have something in common with other industrious minorities, such as Parsees, who are prominent in corporate India, the overseas Chinese and Jews. But some of the answer may lie in the faith itself. Mormonism—the only global religion to have been invented in the past 200 years—is in some ways more business-friendly than its more ancient rivals.

Mormons revere organisation. They believe that God created the world out of chaos, rather than out of nothing. They also believe that men and women are capable of “eternal progression” towards “Godhood”, so long as they conduct themselves like busy little bees. The church is probably the best-organised in the world and certainly the most cost-effective. The president and his 12 advisers sit at the top like the board of a multinational. Below them, the church depends on a throng of lay volunteers. Church members begin to perform in public at the age of three. They become “deacons” at 12 and are given more demanding jobs as they grow older. The faithful are expected to give 10% of their pre-tax income to the church. No one knows how much money it has, but unofficial estimates are in the billions.

The fiercest crucible for young Mormons is the mission. Mormon men serve as missionaries for two years when they turn 19; women for 18 months when they turn 21. They have no choice over where they go and often have to learn a foreign language. They are cut off from their families (they are allowed only two phone calls home a year) and assigned a “companion” to keep them on the straight and narrow. They are expected to proselytise for ten hours a day, six days a week. Few other groups experience anything as demanding at a similar age. One exception is young Israelis, who spend gruelling years in the military, and who also have an outstanding record as entrepreneurs.
Missionary work provides young Mormons with a fluency in foreign languages that is rare in America. Mr Neeleman, for example, was born in Brazil and returned there as a youngster to do missionary work. His feel for the local culture, and fluent Portuguese, make it easier for him to adapt what he learned about running airlines in America to the Brazilian market.

Missionary work also teaches young Mormons to persevere despite harsh odds. They must sell a product for which there is almost no demand: an idiosyncratic version of Christianity that teaches that Christ made a post-resurrection visit to the United States, that the Garden of Eden may have been in Missouri and that drinking alcohol is a sin. After that, selling airline seats or life insurance must be a doddle.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O MUNDO QUER SABER SE VOCÊ ESTÁ FELIZ



A busca pelo graal de um índice que reflita o estado de bem-estar integral já conta com mais 40 anos de história. Inicialmente desprezada como poesia pelos economistas, o tema ganhou terreno nesta última década e invadiu departamentos sisudos como os da Universidade de Chicago, Yale e Berlin. Mais recentemente, chegou até aos Bancos Privados (Ex: Banco Itaú, que criou e mede o Índice Itaú de Bem-estar Social) e Grandes Corporações (BP).

Um dos motivos que impulsionou o tema foi o divórcio (se é que um dia foram casados:->) entre a trinca de indicadores clássicos (riqueza, escolaridade e longevidade) de outros como: desigualdade, paz social, suicídios, poupança/esperança, etc. Nos manuais de Economia, tudo viria em um pacote só. Tipo combo do McDonald’s. Ficou rico, leva a batatinha, quer dizer, a paz de brinde. Mas, para surpresa dos economistas (PS: Justiça seja feita aos maridos traídos, na verdade são os Economistas os últimos a saberem das coisas:->) países estão ficando mais ricos educados e longevos e; ao mesmo tempo, a vida (ou a percepção dela) piora. Até o monitoramento do progresso das Metas do Milênio mostra que mesmo países que avançam significativamente nas Metas não experimentam necessária correlação deste avanço com indicadores de qualidade de vida, nem as medidas, nem as percebidas.

Daí, é um quase consenso hoje o tal “Paradoxo do Crescimento”, um nome científico complexo para o que minha avó dizia: “menino, o dinheiro não traz felicidade”.

Até um índice de Felicidade Interna Bruta foi criado e produziu aumento de programas de televisão sobre o bucólico Butão, campeão global do índice, mesmo que nem se deem conta da sua existência. Alias, talvez por isto sejam felizes, porque não se preocupam com indicadores.

A despeito da fragilidade metodológica destas tentativas, é certo de que o mundo precisa de medidas mais antropocêntricas para olhar no espelho. Desenvolvimento bom é o que muda positivamente a vida da maioria das pessoas. Porém que ninguém seja Poliana. A onda dos índices de felicidade tem uma agenda política e mesmo comercial por detrás. Uma das indústrias de crescimento mais surpreendente, durante o atual período de crise econômica e austeridade tem sido "indústria da felicidade". Felicidade passou a ser objeto de trabalho crescente de economistas e matemáticos (e não filósofos ou cantores de axé somente) que estudam o que constitui a felicidade e fazer recomendações aos governos sobre como melhor para aumentá-la.

Não podemos desprezar o fato de que tais índices ganham a agenda pública dos ex-ricos do Norte justamente quando a crise econômica mais os atinge. Em meio a um aumento substancial da miséria, em uma época de baixa reputação dos magos das finanças, quando parecem faltar respostas não-convencionais a problemas históricos (o fato de que a riqueza do Norte foi alavancada no pós-guerra com base em exploração de matérias-primas + mão de obra baratas em outros países, aliados a pesados endividamentos em moedas autoproclamadas fortes), surgem economistas vetustos criando um novo conjunto de indicadores para debate.

A indústria do índice de felicidade tem conseguido recentemente um auge com a publicação mega-divulgada do primeiro Relatório Mundial Felicidade. Encomendado por uma Conferência das Nações Unidas sobre Felicidade, sob os auspícios da Assembleia Geral da ONU, que traz o imprimatur da Universidade de Columbia (Earth Institute) e é editada pelo seu diretor, Jeffrey Sachs (economista pop star, ex-liberal, convertido ao credo do Desenvolvimento) e por dois especialistas em felicidade (seja lá o que isto signifique), Richard Layard (London School of Economics) e John Helliwell (Universidade de British Columbia). O relatório conclui que o mundo é mais feliz no norte da Europa (Dinamarca, Noruega, Finlândia, Países Baixos) e mais infeliz na África (Togo, Benin, República Centro Africano, e Serra Leoa). Além de contrariar os que acham que é necessário sol e praia para ser feliz, o relatório traz poucas novidades nos resultados. Mas, é a primeira tentativa econométrica robusta de constituir um índice destes (o Índice Bruto de Felicidade é legal, mas é mais poesia do que medição).

Se ainda não sabemos como medir ao certo a felicidade, um grupo já está feliz ganhando recursos públicos e privados para tentar medi-la. O governo dos EUA convidou peritos, incluindo Daniel Kahneman (psicólogo, Nobel de Economia) para elaborar medidas de "bem-estar subjetivo". Mantendo sua tradição, os EUA são o último grande país a embarcar nesta canoa. O governo francês começou a publicar sua própria felicidade indicador em 2009. O Gabinete Nacional de Estatística da Grã-Bretanha tem um programa para medir o bem-estar nacional, há 5 anos. A OCDE já elabora diretrizes para os seus membros produzirem um "banco de dados de bem-estar". O Brasil já incluiu, em algumas pesquisas do IBGE, a percepção de segurança e esperança.

Os pesquisadores dividem os sentimentos das pessoas em "felicidade afetiva" (humores diários) e "felicidade avaliativa" (avaliação global que uma pessoa faz de sua vida). Eles construíram indicadores que buscam a felicidade a partir de diferentes pontos de vista, usando perguntas como "Quão feliz você estava ontem?" (Reino Unido); "Todas as coisas considerado, quão satisfeito você está com sua vida como um todo hoje em dia? "(IRS Europeu) e" Tomando em consideração todas as coisas, você diria que é: muito feliz, muito feliz, não muito feliz ou nada feliz "(World Values Survey)?

Eu me pergunto quem responde a um questionário destes? Se eu fosse perguntado, logo responderia com uma contraproducente pergunta: Defina “satisfeito”. Logo, o entrevistador seria um exemplo claro de pessoa infeliz se a mim viesse entrevistar. Mesmo que os demais entrevistadores seja menos chato do que eu, as suas respostas diferem muito. Isto estimula ainda mais a nascente “ciência da felicidade”. Os autores do Relatório de Felicidade Mundial argumentam que a felicidade pode ser medida objetivamente, mesmo que difira sistematicamente através das sociedades e ao longo do tempo. Por fim, partem do pressuposto de que a felicidade tem causas previsíveis e que, mesmo não de maneira linear, está correlacionada com coisas específicas (tais como a riqueza, a distribuição de renda, saúde e instituições políticas). Logo, portanto, deve ser possível para o governo a criar as condições adequadas para a felicidade a florescer.

Por mais desejável e necessário que seja olhar o bem-estar, os críticos destes índices argumentam que além da dificuldade técnica, trazer a felicidade para a agenda pública é dar ao Governo é responsável por sua felicidade. E a agenda da felicidade também chegou (ou está a caminho) ao marco jurídico de vários países. O Direito a ser feliz já foi aprovado pelo Senado brasileiro e está presente em leis de países como Japão, México e Suécia.

Por isto, o que lhe faz feliz já não é mais tema de propaganda de supermercado nem chaveco para a balada. Você está feliz com isto?



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

NÃO TEM PREÇO





1. Ação de desocupação da área do “Pinheirinho”, infraestrutura, mobilização aos policiais e outros servidores públicos, aluguel das máquinas para demolição das casas (Ainda há PMs e equipes da prefeitura na área): R$ 7 milhões.

2. Abrigo aos desalojados: R$ 3,5 milhões, até dia 31/1.

 

3. ‘Aluguel social’ até que o conjunto habitacional prometido ficar pronto, (R$ 500/mensais por 18 meses), se não atrasar: R$ 9 milhões.

4. Construção das moradias para os desabrigados: R$ 88 milhões.

5. Custo total da Operação: R$ 107,5 milhões. R$ 103 milhões dos cofres públicos (a massa falida ilibado empresário Naji Nahas, o mesmo dos principais escândalos do Governo Sarney reembolsou R$4milhões pela desocupação)

6. Indenizações que o Estado terá que pagar, caso as ações movidas sejam bem sucedidas: sem cálculo.

7. Valor de mercado do terreno ocupado (avaliado judicialmente em R$180milhoes): R$110 milhões.

8. Dívidas do terreno com a prefeitura, INSS e outros órgãos públicos: R$41milhões (Embora, a prefeitura inspirada somente pelo interesse social com certeza, tenha dado uma anistia nos juros e reduzido em 70% o seu crédito)

9. Valor líquido do terreno: R$69 milhões

10. Projeto habitacional no próprio terreno para as famílias: R$8 milhões (os moradores haviam concordado em pagar, entre R$ 3 e R$6 mil, pelos terrenos que ocupavam).

11. 3 calculadoras chinesas para que: o Prefeito de SJC, o Governador, e o Judiciário possam fazer as contas acima: R$12,00.

12. O contribuinte pagar R$103,5 milhões por uma remoção violenta, que expos mais de 150 crianças a um “inferno”, mal planejada, que “fura a fila” do programa habitacional (e gera tensões) e sem interesse público nenhum; enquanto a solução pacífica custaria R$77milhões: NÃO TEM PREÇO.