terça-feira, 31 de agosto de 2010

Síndrome de “Statler e Waldorf”.


Época Eleitoral tem epidemia de Síndrome de “Statler e Waldorf”.

Eles são aqueles dois ranzinzas e divertidos velhinhos que se sentam no camarote do show dos muppets. Dizem detestar o show. Falam horrores dos artistas. Reclamam das piadas. Mas, nunca perdem um. Aparentemente são masoquistas. Gostam de se irritar.

Mas, na verdade são narcisistas. “Statler e Waldorf” são  dois farsantes. A irritação é porque  fazem questão de serem vistos.

“Statler e Waldorf” têm sobrenomes chiques, ficam no camarote, são da elite. Pela idade, postura e problemas de visão, dormem mais do que assistem ao show. Não vêem. Querem ser vistos. Ironizam e querem dizer que são superiores não só sobre o elenco, mas principalmente sobre quem assiste e aplaude.

Toda crítica de “Statler e Waldorf” é a mesma. Falam de todos, mas têm especial alvo no grande desafeto: o (limitado, ingênuoo, esforçado e bem-sucedido) "Urso Fozzie". Talvez inveja? Afinal, como um cara tão burro e mal comediante (na visão de Statler e Waldorf), tem o palco, a aprovacão e mais atenção do que eles. Iritam-se porque o palco agora tenha Fozzies, Cacos, Pigs e não outros “Statlers e Waldorfs”.

Lembra-me das elites (nunca assumidas e sempre pomposas) que não gostam e têm raiva de quem gosta. Recusam-se a ver o show, mas não desocupam o lugar. Inconformados, assumem sua postura superior de arautos denunciadores. Todos os demais que riem do show só o fazem porque são burros, manipulados, pagos, etc... Acham que só eles vêem o que está acontecendo. 

Todo mundo talvez conheça alguns “Statler e Waldorf”. Eu conheço e sou amigo de alguns. Com o tempo, aprendi a rir de sua irritação-ensaiada.

Em tempos eleitorais há Revistas “Statler e Waldorf”, blogs “Statler e Waldorf”, programas de TV “Statler e Waldorf”. Tuiteiro "Statler e Waldorf". É “Statler e Waldorf” para todos os lados.

Eu me divirto com “Statler e Waldorf” dos muppets. Eles são parte importante da piada. Mas, em época eleitoral cansam. Confesso que há dias nos quais fico irritado com os da vida real. Nestes, tenho vontade de dizer somente: “os incomodados que se mudem”!. Mas, se eu dissesse isto, seria “Statler e Waldorf” também. Por isto, todos os “Statler e Waldorf” vocês são bem-vindos. Fiquem e assistam ao show. Sua presença, com ou sem aplausos, abrilhanta o show. É tempo de “ Cacos e Fozzies”.

Índice de Valores Humanos (parte #3): IVH-Educação

O 3º post sobre o Índice de Valores Humanos (PNUD) traz o sub-índice de Educação. IVH-E. Durante décadas a preocupação com o macro foi tão forte que  qualquer discurso com a palavra "valor"era identificado como de direita. Na educação, por exemplo, tudo era infra-estrutura de desenvolvimento: aparelhos escolares, professor, investimento, currículo, etc... Hoje, parece que há calma para identificar os componentes comportamentais que interagem com os essenciais infraestruturais (palavra bonita:->).

Abaixo, trechos do relatório do PNUD, editados.


A dimensão de educação do IVH é composta pelos valores das famílias, alunos e professores. Trata-se de quais conhecimentos são mais caros para as pessoas e das relações de alunos e professores no sistema educacional. O primeiro componente da dimensão de educação do IVH é o tipo de conhecimento que as famílias consideram mais importante na formação escolar. As alternativas apresentadas aos entrevistados consistiam de conhecimentos importantes i) para ser uma boa pessoa; ii) para ser um bom cidadão; iii) para se ter uma boa vida ou iv) conseguir um emprego. As respostas i e ii representam conhecimentos que geram maiores benefícios públicos, enquanto as repostas iii e iv representam maiores benefícios individuais. Desse modo, foram atribuídos valores de 1 a 4 para as opções de resposta, sendo o valor 4 para a opção i, 3 para a ii, 2 para a opção iii e 1 para a opção iv.

O componente do IVH-E relacionado aos alunos é composto por seis diferentes pontos: i) interesse pelos estudos; ii) respeito aos professores; iii) tolerância com os colegas; iv) responsabilidade com as tarefas escolares; v) liberdade para expressar suas idéias; vi) honestidade. Para cada um destes pontos foram atribuídos valores de acordo com a freqüência em que são observados: 5 se esses pontos são sempre observados; 4 se freqüentemente; 3 se às vezes; 2 se raramente e 1 caso esses pontos nunca sejam observados. A média de freqüências dos 6 pontos compõe o indicador de valores dos alunos no IVH-E.

O componente relacionado aos professores é bastante similar ao dos alunos. São também 6 pontos que compõem esse indicador: i) interesse pelos alunos; ii) respeito aos alunos; iii) tolerância com os pais dos alunos; iv) responsabilidade com o planejamento das aulas; v) liberdade para expressar suas idéias; vi) honestidade. Assim como no indicador dos alunos, para cada um destes pontos foram atribuídos valores de acordo com a freqüência em que são observados: 5 se esses pontos são sempre observados; 4 se freqüentemente; 3 se às vezes; 2 se raramente e 1 caso esses pontos nunca sejam observados. A média de freqüências dos 6 pontos compõe o indicador de valores dos professores no IVH-E. O indicador final de valores humanos na dimensão de educação é calculado a partir da combinação dos indicadores relacionados às famílias, alunos e professores. Cada um desses indicadores foi transformado para uma escala de 0 a 1, de modo que quanto maior o indicador, melhor a avaliação dos valores relacionados à educação. A soma desses indicadores, novamente transformada para uma escala de 0 a 1, resultou no Índice de Valores Humanos – Educação (IVH-E). Assim, um IVH-E igual a 1 representa a melhor avaliação dos valores relacionados à educação, enquanto um IVH-E igual a zero representa a pior.

domingo, 29 de agosto de 2010

É possível medir Aquilo que se Esconde?

Parece bastar um gatilho (que diminua os constrangimentos sociais e o aparato policial) para que vizinhos cordatos, pacatos dentistas, líderes de igreja, amáveis pais de família virem milicianos, saqueadores, estupradores e assassinos impiedosos.
Ódio, preconceito, medo, escolha o nome. Recentemente apareceu em lugares distintos, com religiões e regimes políticos diferentes. Congo, França, Timor Leste, Ruanda, Bósnia, Palestina e EUA.
Como saber quanto ódio está oculto e espera uma oportunidade? É possível medir o medo latente? Há como mensurar o risco de explosão social?
No caso dos EUA, bastaram um dique rompido, a ausência da polícia e da eletricidade para que 300 anos de cristianismo, mais de 100 de voto universal, 40 de direitos civis se desmanchassem, como se fossem uma maquiagem, uma casca de cal. Por baixo, ódio que faz do outro o mal e de mim seu juiz e executor.
Cinco anos depois do Katrina, literalmente depois das águas baixarem, uma comissão federal de investigação descobre a barbaridade do momento no qual o ódio escapa da jaula. Violência policial contra civis desarmados, mais de uma centena de negros pobres assassinados por milicianos brancos, armados e atirando contra todo mundo que lhe parecessem diferentes.
Parafraseando Nando Reis: O ódio pode estar do seu lado... :-)

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Violência pós-Katrina e justiça



TRYMAINE LEE  (editado)



As narrativas sobre aqueles dias caóticos - feitas principalmente com base em rumores infundados e histórias precipitadas - rapidamente se consolidavam numa espécie de consenso alarmante: negros pobres e saqueadores estavam matando pessoas inocentes e aterrorizando quem passava à sua frente na cidade escura e sem proteção.



Hoje, um quadro mais nítido vem surgindo, também alarmante, incluindo a violência por parte de brancos, assassinatos pela polícia, autoridades encobrindo fatos e uma população sofredora muito mais brutalizada do que muitos queriam acreditar. Diversos policiais e um cidadão branco acusados de violência racial já foram indiciados e outros incidentes vêm sendo revelados desde que o Departamento de Justiça iniciou várias investigações sobre violações de direitos civis ocorridas depois da passagem do Katrina.



"O ambiente criado pelo furacão despertou o que estava adormecido nas pessoas aqui - o ódio e o desprezo que sentem pelos afro-americanos na comunidade", disse John Penny, criminologista da Southern University de New Orleans. "Nunca saberemos quantas pessoas foram mortas a tiros, ou cujos corpos jamais serão encontrados."


Os diques destroçados deixaram 80% da cidade submersa, mas na área não inundada de Algiers Point, por exemplo, um enclave de brancos numa área predominantemente negra, na margem ocidental do Rio Mississippi, milícias brancas armadas fecharam muitas ruas do bairro.

Eles colocaram cartazes dizendo "atiramos nos saqueadores". E disparos eram ouvidos nos dias e noites quentes como se fossem estrondos de trovões de uma nova tempestade.

Reginald Bell, um cidadão negro, disse numa entrevista ter sido ameaçado com uma arma por dois homens alguns dias após a passagem do furacão. Os homens, num terraço a algumas quadras da sua casa, gritaram para ele: "não queremos gente do seu tipo por aqui." Então, um dos homens apontou sua espingarda na direção de Bell e o desafiou a andar de novo pelas ruas de Algiers Point. No dia seguinte, os homens de novo o confrontaram quando estava na varanda da sua casa com a namorada. Eles empunharam suas armas - uma espingarda e uma Magnum 357 - apontaram para o rosto do casal e repetiram a mesma coisa.

"Não havia luz elétrica, nem polícia, nada", disse Reginald Bell, de 41 anos. "Éramos presas fáceis. Eu dormia com uma faca de açougueiro e um machado sob o travesseiro." A margem ocidental da cidade foi poupada pelas águas, mas nos dias e semanas posteriores ao furacão, estava coberta de árvores caídas e, segundo testemunhas, de corpos de negros - nenhum deles com sinais de afogamento.

"Vi corpos estendidos nas ruas durante semanas", disse Malik Rahim, que mora próximo de Reginald Bell e veio em sua ajuda. "Não estou falando da Ninth Ward (área mais afetada pelo furacão), mas de Algiers. Vi corpos intumescidos e dilacerados pelos cães. E todos com ferimentos de balas."

"Estamos gritando a plenos pulmões desde aqueles primeiros dias, mas ninguém nos ouviu", disse Reginald Bell, que procurou a polícia logo depois do incidente com os dois brancos, mas cuja queixa não foi registrada. Só no ano passado, quando foi entrevistado por um grande júri federal que examina as violações de direitos civis em New Orleans após o Katrina que as pessoas parecem dar atenção ao caso, disse ele.

Algumas das acusações mais graves surgiram depois das investigações realizadas pelo The Times-Picayune e a organização ProPublica, que trouxeram a público a violência policial e racial em Algiers Point Um dos casos é o de um ex-morador da região, Roland J. Bourgeois Jr, branco, acusado de fazer parte de um grupo de vigilantes.

Ele foi indiciado pelo governo federal, acusado de envolvimento no assassinato a tiros de três negros que tentavam fugir da cidade. De acordo com o laudo de acusação, Bourgeois, que vive hoje no Mississippi, alertou um vizinho que "qualquer coisa que passar pela rua mais escura do que um saco de papel pardo vai levar um tiro".

"O caso mais comentado envolvendo a polícia foi um incidente em Danziger Bridge, quando policiais com fuzis e armas automáticas atiraram contra um grupo de civis desarmados, ferindo quatro pessoas de uma família e matando duas, incluindo um adolescente e um homem com deficiência mental.

O homem, Ronald Madison, de 40 anos, levou um tiro de espingarda nas costas e depois foi pisoteado e chutado até morrer, segundo os autos do processo.

Em maio, o prefeito Mitch Landrieu pediu ao Departamento de Justiça que conduzisse uma reforma total do Departamento de Polícia da cidade. O Departamento abriu também diversas investigações de caráter civil e criminal sobre a violência envolvendo policiais após o Katrina. Thomaz Perez, procurador-geral assistente, disse que o governo está investigando oito casos criminais envolvendo má-conduta de policiais.

Muitas pessoas na cidade - incluindo ativistas, vítimas e testemunhas - há muito tempo sustentam que a violência racial foi ignorada pela polícia local.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EUA: Super-Ricos Benemerentes e Pobreza Crescente


A corrosão da classe média nos EUA

(English Version)

http://www.spiegel.de/international/zeitgeist/0,1518,712496,00.html

(Editado)



Thomas Schulz - DER SPIEGEL




Ventura é uma pequena cidade da costa do Pacífico, a cerca de uma hora de carro de Los Angeles. Casas luxuosas com vista para o oceano foram construídas nas colinas e as praias são muito frequentadas pelos surfistas. Ventura é uma Califórnia de conto de fadas. "Mas 20% dos que vivem na cidade correm em risco de ficar sem teto" "(Capitão William Finley, da filial local do Exército da Salvação)


No verão passado, a cidade implementou um programa-piloto, administrado por Finley, permitindo às pessoas dormir nos seus carros dentro dos limites da cidade. O que normalmente é ilegal, não só em Ventura como no resto do país, onde as autoridades locais e os moradores se inquietam quando observam vans repletas de trabalhadores migrantes mexicanos estacionadas nas ruas residenciais.



Mas, no início do ano passado, os moradores de Ventura perceberam que os carros estacionados na frente das suas casas à noite não eram aquelas latas velhas, mas carros em ótimas condições. E as pessoas que dormiam dentro deles não eram colhedores de frutas ou sem-teto, mas seus antigos vizinhos. De repente, um número duas vezes maior de pessoas estava recorrendo aos programas de refeição gratuita oferecida pelo seu serviço social



Por um período, os EUA pareciam ter saído relativamente ilesos da pior crise já observada em décadas com mais energia e vigor - como se verificou em crises anteriores.



O governo anunciou novos dados de crescimento no fim do ano passado, muito mais cedo do que o esperado. Os bancos, moribundos até recentemente, voltaram a lucrar bilhões. Empresas reportaram um forte crescimento e a bolsa quase chegou aos níveis anteriores à crise. Até o número de bilionários aumentou: 17% em 2009.



Há duas semanas, Bill Gates, fundador da Microsoft, e mais 40 bilionários, prometeram doar pelo menos a metade da sua fortuna para instituições filantrópicas, ainda em vida ou após sua morte. Serão os EUA um país tão abençoado com a riqueza que alguém pode se permitir doar bilhões de dólares, como é o caso? A decisão de Gates também pode ser interpretada como uma campanha de relações públicas, num país onde os super-ricos sentem que, enquanto lucram com a crise, como é de se esperar, o número de pessoas afetadas por ela cresceu enormemente. E percebem que aumenta cada vez mais o ressentimento na sociedade americana contra aqueles que estão no topo.



Para as pessoas de baixa renda, a recuperação já parece ter se desintegrado. Especialistas temem que a economia possa continuar frágil por muitos anos. E, apesar de muitos programas de assistência do governo, a pouca esperança que deveriam produzir ainda não foi sentida pela população de um modo geral. Pelo contrário, para muita gente a tendência é sempre de queda.



Segundo uma recente pesquisa, para 70% dos americanos a recessão continua a pleno vapor. E desta vez não são apenas os pobres os mais atingidos, como costuma ocorrer nesses períodos. A crise também está atingindo pessoas diplomadas que até agora tinham um bom nível de vida. Indivíduos considerados de classe média e que hoje sentem-se mais ameaçados do que em qualquer momento na história do país.



1. Quatro em cada dez americanos que fazem parte dessa classe acham que não conseguirão manter sua condição social. De fato, os EUA, na esteira da crise, estão ameaçados por uma Idade do Gelo social mais severa, jamais observada desde a Grande Depressão.



2. O número de pessoas sem emprego há muito tempo é três vezes maior do que o observado em qualquer outra crise, e ele ainda está crescendo. Mais de um ano após o término oficial da recessão, a taxa de desemprego continua consistentemente acima dos 9,5%. Mas esses são dados oficiais. Quando ajustados para incluir aqueles trabalhadores que já desistiram de procurar emprego ...a taxa de desemprego real sobe para mais de 17%.



3. No seu relatório anual, o Departamento de Agricultura observou que a "insegurança alimentar" vem aumentando e que, no ano passado, 50 milhões americanos não conseguiam comprar a quantidade de alimento suficiente para se manter.



4. Um em cada quatro americanos adultos e uma a cada quatro crianças sobrevivem às custas de vales-alimentação do governo. São dados inacreditáveis para uma nação considerada a mais rica do mundo.



Foi só nos últimos meses, quando a economia cresceu, mas o emprego não voltou, os lucros aumentaram, mas os índices de pobreza sobem a cada semana, que o país parece ter reconhecido que está lutando com uma crise estrutural profundamente arraigada que já vinha se formando há muitos anos....









































TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Que os Gringos Pensam de Nós


O IPEA divulgou a segunda medição do Monitor da Percepção Internacional do Brasil. De caráter eminentemente conjuntural, a pesquisa, qualitativa, busca sintetizar em três indicadores temáticos, cuja escala varia entre -100 (muito pessimista/desfavorável) e +100 (muito otimista/favorável), a avaliação de agentes internacionais – representações de governo (embaixadas e consulados), câmaras de comércio, organizações multilaterais, e empresas com controle estrangeiro – sobre aspectos econômicos, sociais e político-institucionais do Brasil. Fazem parte da amostra desta investigação 170 entidades.

Os resultados indicam uma avaliação moderadamente otimista ou favorável sobre o Brasil, uma vez que todos os indicadores temáticos apresentaram valores positivos.
 
Em relação à edição-piloto da pesquisa realizada em janeiro de 2010, verificou-se substancial elevação no indicador: de +36 para +59.

O contraponto negativo em relação à pesquisa anterior foi a piora nas expectativas inflacionárias. O índice relativo à inflação caiu de +71 para +21, o que aponta para o afastamento de uma posição muito otimista (inflação em cima da meta) para uma posição neutra (inflação pouco acima da meta, próxima a 5,5%). Os indicadores relativos às condições gerais de crédito e ao acesso da população a bens de consumo também apresentaram recuo em relação a janeiro.

Na área político-institucional, a pesquisa captou a percepção de um aumento da influência do Brasil na América Latina, assim como em instituições multilaterais. Todavia, em relação à pesquisa realizada em janeiro, observou-se recuo nestes indicadores, conforme pode-se depreender da tabela no verso desta página. Cabe salientar ainda que a pesquisa anterior foi realizada pouco após a conquista, pelo Brasil, do direito de sediar as Olimpíadas de 2016.

A condução da política econômica nos últimos 12 meses foi bem avaliada: o indicador apresentou até mesmo elevação sobre a pesquisa anterior (+59 contra +50). Para 44% dos respondentes, a condução da política econômica foi ligeiramente favorável ao crescimento econômico com estabilidade, enquanto para 38%, foi muito favorável.

Na temática social, a percepção dos agentes internacionais indicou uma tendência de redução moderada da pobreza e da desigualdade de renda. O aspecto negativo situou-se na percepção de aumento do nível de violência no país. Embora a resposta mais comum a esta questão tenha sido a de que não ocorreu variação no nível de violência (47% das respostas), para 41% dos respondentes houve um incremento moderado e, para 12%, a violência aumentou muito nos últimos 12 meses.


domingo, 22 de agosto de 2010

O SANEAMENTO QUE VOCÊ NÃO TEM E NÃO SABIA.... (PNS2008)

Em um cenário onde tudo é apenas um argumento, não há informação. 

Pesquisa é como adolescente, só revela o que é no bando :-). A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008 não é diferente. Mas, ficou muito difícil (talvez tenha sido sempre) conseguir informação da imprensa. Principalmente em época de eleições, quando a política vira assunto de torcida organizada. Quando a lógica do discurso de Cristo é invertida: quem não está conosco, é contra nós.

Jornais, sites, etc foram unanimes. Uns na linha do “nunca na história deste país” ressaltaram os avanços dos últimos 8 anos. Alias, todo o material de imprensa do IBGE foi feito com esta agenda. Outros jornais, sites e principalmente etcéteras atacaram o colossal hiato nas condições de saneamento básico (água, esgoto e coleta de resíduos).

A PNSB se enfoca nos municípios, não na população. Assim, cada município é tratado como uma unidade. Pode ser São Paulo e seus 11milhões ou Alemara São com seus 36999 (desde que meu amigo Alcimar saiu de lá, a cidade não recuperou sua força demográfica:->). Por sua natureza, a PNSB usa muitos dados auto-declaratórios das prefeituras. Pode ser minha falta de fé na humanidade, mas eu não confio cegamente neste tipo de sistema. O Censo 2010 trará uma forma de validar alguns dos dados da PNSB2008.

Dito isto, vamos à pesquisa. Para saber que saneamento básico é uma área na qual o Brasil é muito mal, não é necessário ler a PNSB 2008. Chega-se ao cúmulo de até esboçar uma democracia de falta de saneamento no Brasil  Até 30% dos não-pobres também carecem de serviços adequados neste ponto.

Junto com a série histórica, a pesquisa de 2008 revela:
 
1. Cobertura de saneamento cresceu até em ritmo de crescimento. Mas, principalmente na questão de fornecimento de água.
2. Rede de esgoto adequada é minoria no Brasil,
3. Tratamento adequado de efluentes é tão raro que pode ser manchete de jornal
4. Coleta de lixo até que melhorou, mas destino adequado do lixo é mais raro do que gol do Goiás neste brasileirão de 2010 :-)
Resumão:
 
1. No Brasil, as ações de saneamento têm mirado tirar o lixo e o esgoto de perto das pessoas.
2. O aspecto ecológico, que gera conseqüências enormes, mas não tão óbvias e imediatas para saúde e disponibilidade de recursos hídricos, não é prioridade.
3. Não há análise de custo/benefício do atual modelo baseado em:
   a. grandes obras,
   b. privatização/”corporitização” de serviços de fornecimento de água/esgoto,
    c. aterros sanitários e “transporte” de resíduos ao invés de manejo.

Analisar os dados de saneamento somente a partir da matriz de serviços e/ou direitos é desprezar a visão “ecológica”. Não no sentido tradicional de meio-ambiente, mas no sentido de todo. A falta de um posto de saúde adequado em São Mateus, não afeta a qualidade da oferta de saúde do Albert Einstein. Mas, a falta de saneamento sim. Os não-pobres têm condições de seguir práticas compensatórias, mas não podem fugir do impacto. Esta característica "ecológica" é um desafio para uma mediçao adequada. Indicadores de cobertura de serviços são insuficiente.
 
A PNSB 2008 não mostra que metade do país não tem saneamento. Revela que o Brasil todo não o tem. Continuar desperdiçando água e matérias-primas/energia tem um custo exponencial que, em última análise será pago por todos. Os dados sobre: erosão, enchentes, deslizamentos, etc  dão uma idéia de alguns custos.
Entender saneamento como meio-ambiente (e não somente como serviços) é a única maneira de fazê-lo urgente.
 
Alguns outros “fatos”
 
  1. Entre 2000 e 2008, o percentual de municípios brasileiros que tinham rede geral de abastecimento de água em pelo menos um distrito aumentou de 97,9% para 99,4%; Mas quase 30% da população não têm acesso à fornecimento regular/seguro de água.
  2. O manejo dos resíduos sólidos (que inclui coleta e destinação final do lixo e limpeza pública) passou a existir em todos os municípios em 2008, mas não atinge 65% da população.
  3. Os serviços de manejo de águas pluviais (drenagem urbana), que existiam em 78,6% dos municípios em 2000, chegaram a 94,5% em 2008.
  4. O serviço de saneamento que não chegou próximo à totalidade de municípios foi a coleta de esgoto por rede geral, que estava presente em 52,2% dos municípios em 2000 e passou a 55,2% em 2008. (embora, quase 70% da população é por ele servida)
  5. Nos municípios em que o serviço existia, houve, no mesmo período, um aumento dos que registraram ampliação ou melhoria no sistema de esgotamento, de 58% para 79,9% do total, e dos domicílios atendidos, de 33,5% para 44%.
  6. Em 2008, 68,8% do esgoto coletado era tratado, com acentuadas diferenças regionais nesse percentual, que alcançou 78,4% dos municípios no estado de São Paulo e 1,4% no Maranhão.
  7. O percentual de municípios que destinavam seus resíduos a vazadouros a céu aberto caiu de 72,3% para 50,8%. Mas, há uma estimativa de que quase 2/3 de todo o volume de resíduos é apenas escondida.
  8. A qualidade, regularidade e custo dos serviços de saneamento são inadequados para 63% da população brasileira.
 

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf
 
 
O mote deste blog é: quem vai fundo, aproveita mais , por isto leia toda a PNSB2008:
 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Índice de Valores Humanos – 1/3 ( IV- Saúde)

O Índice de Valores Humanos (IVH) foi construído a partir de entrevistas, trata dos relatos, vivências e percepções dos indivíduos sobre como valores permeiam áreas do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Assim como o IDH é composto por três sub-índices – saúde, renda e educação – são também três os componentes que compõem o IVH. No caso da saúde, temos valores de respeito.


O IVH-Saúde é composto pelas experiências dos brasileiros em relação ao tempo de espera para atendimento médico ou hospitalar, a facilidade ou não de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde e o interesse da equipe médica percebido pelo paciente. Mais especificamente, compõem o IVH-S as seguintes perguntas e suas respectivas alternativas de respostas:

S1 – Na última vez que você esteve no médico, ou no posto de saúde, ou hospital, você sentiu que o tempo de espera foi: a) rápido; b) razoável; c) normal; d) demorado.



S2 – Você achou que a linguagem usada pelos médicos(as) e enfermeiros(as) foi: a) fácil de entender; b) normal; c) um pouco difícil; d) muito difícil.



S3 – Você sentiu que a equipe médica: a) estava muito interessada e preocupada em lhe ajudar; b) demonstrou interesse e preocupação regular; c) estava pouco interessada e preocupada com seu caso.

(Trechos editados do RDR, Caderno 3, PNUD, 2010)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Índice de Valores Humanos (IVH) O que o Bonner não contou....

Depois de exportar aviões, alimentar o mundo de carne, prover mestres de capoeira para todo o planeta e ainda exportar petróleo, agora o Brasil produz índices.

O IVH (Índice de Valores Humanos), do PNUD é 100% Made in Brazil. E saiu até no Jornal Nacional. Claro, em época eleitoral, a imprensa, sempre coerente, procurou apenas curiosidades e desculpas para dizer seja que Lula é o messias, seja que é o capeta. Vamos ao que nem o JN, nem a FSP disseram...

Indicador que se propõe complementar ao já famoso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IVH segue uma tendência em indicadores de Desenvolvimento. Medir a percepção do bem-estar. Desenvolvimento não é sósobre sua realidade, é como você a percebe.

O índice de traz relatos de vivências nas quais os valores têm um papel-chave para o desenvolvimento humano. A proposta é refletir um conceito de “grau de respeito a valores” nas áreas de saúde, educação e trabalho. Quase um espelho subjetivo das mesmas áreas do IDH.

Outra hipótese do IVH é que o “grau de respeito” é um dos fatores de causalidade das macro-realidades medidas pelo IDH. Maio grau de respeito em uma área, maior a chance de a mesma gerar bons resultados. O IVH capta experiências e assim pretende assim detectar processos (não todos) que levam a um pior ou melhor IDH.

O IVH foi obtido a partir de questionários estruturados, aplicados em Janeiro e Fevereiro deste ano (antes da copa e o carnaval ) com 2.002 pessoas (1887 aproveitados), em 148 municípios de 24 unidades da Federação.

O IVH é obtido por uma metodologia comum aos índices. A “santa trindade” das dimensões. Cada uma das três dimensões do IVH varia de 0 a 1. O resultado também vai variar de 0 a 1 — quanto mais próximo de 1, maior a indicação de que as experiências são melhores, de que possuem mais valores. Some tudo, divida por 3 e divirta-se .

Talvez os resultados sejam o menos importante em uma primeira medição, como a do IVH. Chave é atendtar para as dinâmicas entre os subíndices, entender como elas se influenciam, que contradiçoes podem conter, que lógicas e dinâmicas internas o índice traz. 
O IVH é um belo trabalho. Simples e claro como as coisas geniais são. Mas, infelizmente, muito do valor do IVH depende de sua medição repetida. Só assim, teremos a possibilidade de entender seu significado como peça de interpretação e correlação com outros índices. Mesmo tão cuidadoso, a política pode dar ao IVH um baixo índice de longevidade :-)

A Públicaçao toda faz parte do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009-2010 e está no

http://www.pnud.org.br/arquivos/arqui1281480680.zip


 
Como se faz um Índice: Metodologia do IVH (com longos trechos do site do PNUD)

IVH-S (Saúde) pretende sintetizar a percepção dos brasileiros em relação: 1) ao tempo de espera para atendimento médico ou hospitalar; 2) à facilidade ou dificuldade de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde; e 3) ao interesse que a equipe médica tem pelo paciente. Para cada questão apresentada aos entrevistados havia quatro possibilidades de resposta.

IVH-E (Educação) mescla avaliações sobre os valores que os entrevistados atribuem ao ensino, aos alunos e aos professores.
O primeiro componente averiguou qual a finalidade mais importante qs as famílias atribuem para a educação com opçoes de repostas que representam maiores benefícios públicos ou individuais. Desse modo, foram atribuídos valores de 1 a 4 para as opções de resposta.
Outro componente do IVH-E é formado a partir de respostas da opinião deles sobre os alunos. Para cada um desses aspectos foram atribuídos valores de acordo com a frequência em que são observados: 5 se esses pontos são sempre observados até 1 caso esses pontos nunca sejam observados. A média de frequências de todos os aspectos compõe o indicador de valores dos alunos no IVH-E.
O componente relacionado aos professores é similar. O valor final do IVH-E na dimensão de educação é calculado a partir da combinação dos indicadores relacionados a famílias, alunos e professores. Cada um desses indicadores foi transformado em uma escala de 0 a 1,somados e divididos.

IVH-T (Trabalho) destaca valores de liberdade e reciprocidade. É baseada em um questionário que apresenta 32 experiências no trabalho — 17 relacionadas ao prazer (liberdade com a chefia para negociar o que precisa, orgulho do que faz, realização profissional, solidariedade entre os colegas etc.) e 15 ao sofrimento (estresse, insatisfação, falta de reconhecimento, discriminação etc.). O valor do índice é baseado no número de vezes (de zero a mais de seis) em que o trabalhador experimentou essas vivências nos seis meses anteriores à aplicação do questionário, ou no último emprego, caso a pessoa esteja desempregada.
Para cada experiência de prazer mencionada, foi atribuído um valor de 0 a 6 (assim, se uma pessoa se sentiu reconhecida por seu trabalho cinco vezes, essa resposta recebeu valor 5). Depois, foi feita uma média das 17 situações de prazer. Para cada menção ligada a experiências de sofrimento, foi atribuído um valor de 0 a -6. Se o pesquisado sentiu-se sobrecarregado quatro vezes, por exemplo, essa resposta recebeu valor -4. Também foi feita uma média das 15 vivências negativas.
O IVH-T é calculado de acordo com o tipo de vivência predominante. Quando o número de vivências de prazer no trabalho é superior ao de sofrimento, o IVH-T é igual a 1. Quando há mais experiências de sofrimento, o IVH-T é igual a 0.

Logicamente, se tivessem entrevistado minha equipe, o resultado seria 1,0  rsrsrsrsrs

sábado, 7 de agosto de 2010

Pobre paga Mais

Um estranho senso comum se formou em torno da questão tributária que faz deste tema uma exclusividade "liberal". Como se discutir impostos fosse assunto conservador, que interessaria à classe média somente.
Isto talvez porque a classe média se ache a maior vítima tributária do país. Não é. São os pobres que pagam mais imposto. Classe média e mesmo os ricos gozam de muitas isençoes e incentivos fiscais. Além disto, o país privilegia o imposto sobre consumo. Logo, quem não rpecisa gastar tudo o que ganha, paga menos. 
Justiça tributária é um tema de justiça social e poucos têm defendido isto como Amir Khair. Neste artigo abaixo, ele volta ao tema. Desta vez para dizer que resta aos Estados seguirem a tênue (mas importante) redução tributária que incide aos pobres.  
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Sugestões para justiça tributária

Amir Khair - O Estado de S.Paulo

O Brasil precisa avançar na redução das disparidades de renda, riqueza e tributária. Quem ganha até 2 salários mínimos (SM) paga 49% em tributos, e, acima de 30 SM, 26%. Para acelerar o desenvolvimento econômico e social, o sistema tributário deveria seguir quatro vias: redução da carga tributária; aumento da progressividade; elevação da participação dos tributos diretos; e desoneração dos tributos indiretos de consumo popular. Seguem sugestões que podem contribuir para esses objetivos.

Queda da carga tributária (CT). De 1970 a 1993, a CT girou em torno de 25% do PIB. A partir daí cresceu 0,7 ponto porcentual do PIB ao ano, atingindo 33,3% em 2005. Em 2009 foi de 33,7% e neste ano pode voltar ao nível de 2008, de 34,4%. A CT sobe em períodos de crescimento econômico. Além de acompanhar a evolução do PIB, há vários anos há maior eficiência da arrecadação, em razão da informatização e da integração de sistemas e cadastros, o que eleva a CT. Assim, para fazê-la cair é preciso reduzir a alíquota de impostos como o ICMS, Cofins, IPI e ISS, tributos indiretos responsáveis por 40% da CT.

Regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) com desoneração do INSS das empresas. O potencial de arrecadação do IGF é elevado. Estudo do FMI (Global Stability Report, de setembro de 2008) estimou que no mundo a riqueza atingiu US$ 190 trilhões e o PIB, US$ 48 trilhões, ou seja, quatro vezes o PIB. Como o Brasil tem uma das piores distribuições de renda do mundo, é provável que essa relação possa ser superior a essa média. Assim, uma alíquota média de 0,5% para o IGF poderia dar uma arrecadação de 2% do PIB a ser usada integralmente para permitir a redução do INSS das empresas.

Desonerar os produtos da cesta básica. Os tributos federais já foram em grande parte reduzidos; resta o ICMS dos Estados. A desoneração aumenta o poder aquisitivo, e eleva o consumo reprimido de outros produtos, compensando a perda aparente de arrecadação.

Elevar alíquota do imposto sobre heranças. A herança é tributada pelos Estados, com alíquota de 4% (inferior ao cobrado internacionalmente, que pode superar em alguns países a 50%). Representa só 0,6% da arrecadação estadual e 0,05% do PIB. Conjugando progressividade e elevação de alíquota, será possível ampliar a arrecadação desse tributo.

Alíquota máxima do ISS de 3%. As alíquotas do ISS variam de 2% a 5%, e a mais comum é a última, que é elevada. Reduzi-la para 3% não deverá causar perda de arrecadação, pois reduziria a informalidade, a sonegação e a guerra fiscal.

Elevar a alíquota superior do Imposto de Renda Pessoa Física. O País tem uma das mais baixas alíquotas superiores do mundo: 27,5%. A maioria dos países adota alíquotas superiores em torno de 40% e mínimas abaixo da brasileira.

Eliminar o teto de contribuição do INSS com desoneração nas empresas. O sistema previdenciário é baseado no regime de repartição, que pressupõe solidariedade entre seus participantes. Isso só vale para os que ganham abaixo do teto. Acima dele, a solidariedade se inverte. Para os que ganham até o teto a alíquota média é de 8,9% sobre o rendimento. Acima do teto, cai para 5,7%. Rendimentos de R$ 10 mil pagam 3,2% e de R$ 20 mil, 1,6%. A sugestão é eliminar o teto como limite de contribuição, mas não de benefício, tornando o sistema mais solidário. O acréscimo de arrecadação permitiria desonerar em 2,3 pontos porcentuais o INSS das empresas.

Estabelecer a alíquota-padrão do ICMS em 15% e a máxima, em 20%. O ICMS é o maior responsável pela regressividade tributária e responde por metade da CT sobre o consumo. Sua alíquota mais geral é de 18%, que passaria para 15%, e a máxima varia de 25% a 30%, e passaria a 20%. Os Estados não perderão recursos, pois deverá ocorrer redução da sonegação e da informalidade e maior crescimento econômico, além das vantagens que já estão vindo com a implantação da nota fiscal eletrônica e a escrituração fiscal e contábil digital.

A melhor distribuição do ônus tributário na sociedade beneficia a todos pelos frutos do desenvolvimento econômico e social que produz.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Novo Índice: I.V.H.


Não é por falta de dados, indicadores e índices que a sociedade não se conhece. Aí vem + 1: "O PNUD vai divulgar na próxima terça-feira (10) o terceiro caderno do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Brasil 2009/2010. A publicação trará sugestões de políticas públicas para promoção de valores humanos e divulgará um indicador inédito, o IVH (Índice de Valores Humanos).

O IVH terá as mesmas três dimensões do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): saúde, conhecimento e padrão de vida. Tudo em índice parece ter 3 dimensões, coisa religiosa talvez :-) Assim como o indicador calculado e divulgado anualmente pelo PNUD, ele vai variar de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior). Diferentemente do IDH, o cálculo do IVH é baseado em entrevistas. Logo, é uma amostra de opiniões. Uma amostra significativa, foram 500.000 entrevistados. Todas responderam à questão "O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?".Índices oriundos de auto-decalaração amostral são muito úteis para cobrir áreas de sombra dos tradicionais, baseados em estatísticas públicas normatizadas. Mais um pedaço deste mosaico de caleidoscópio que é a "realidade".




O IDH foca resultados. O IVH desloca a atenção dos resultados para os processos. O novo índice retratará a vivência das pessoas e a opinião da sociedade sobre essas vivências.

(edição do texto do site PNUD.Brasil)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Informe Regional de Desenvolvimento: Nossa Desigualdade Comum

Seguindo uma tendencia global, o PNUD divulga o I Informe Regional de Desenvolvimento Humano América Latina e Caribe. Desenvolvimento têm muitas correlaçoes com políticas nacionais, mas não é determinado só pelo que ocorrer dentro de fronteiras nacionais.

O I informe, como nao pdoeria deixar de ser, enfoca-se naquilo que é a marca registrada da regiao. A desigualdade. Abaixo alguns trechos da introdução ao informe.



























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Diez de los quince países con mayores niveles de desigualdad se encuentran en la región. Esta desigualdad es alta, persistente, se reproduce en un contexto de baja movilidad social y supone un obstáculo para el avance en desarrollo humano.

Las mujeres y la población indígena y afrodescendiente son los grupos más afectados por la desigualdad. Las mujeres de la región reciben un menor salario que los hombres por igual trabajo, tienen mayor presencia en la economía informal y acarrean con una doble carga laboral. Por su parte, el doble de la población indígena y afrodescendiente vive con 1$ por día, en promedio, respecto a la población eurodescendiente.

Sí es posible reducir la desigualdad en América Latina y el Caribe, afirma el Informe. El estudio propone diseñar y aplicar acciones con un triple enfoque para superar la trampa de desigualdad en que ha caído la región. Estas políticas públicas específicas deben llegar a la gente (Alcance), contemplar el conjunto de restricciones que perpetúan la pobreza y la desigualdad (Amplitud) y las personas deben sentirse y ser agentes de su propio desarrollo (Apropiación).

Hay mecanismos tanto a nivel de los hogares como a nivel del sistema político que refuerzan la reproducción de la desigualdad. Entender de manera más clara estos mecanismos permitirá diseñar políticas que superen el combate a la pobreza y reduzcan con mayor efectividad la desigualdad en la región.

El mensaje central del informe es que la reducción de la desigualdad debe ser la prioridad política en la región. Para lograr dicha reducción de manera sostenible, es necesario incidir sobre los mecanismos que la hacen persistente y que vinculan estas desigualdades entre generaciones.

La nueva política integral y específica que se propone para reducir la desigualdad en la región debe incidir sobre las condiciones objetivas de los hogares y las restricciones que enfrentan, sobre aspectos subjetivos que determinan autonomía y aspiraciones de movilidad. La calidad y eficacia de la representación política y la capacidad redistributiva del Estado son otros de los factores a atender, según el Informe.