quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Índice de Valores Humanos (IVH) O que o Bonner não contou....

Depois de exportar aviões, alimentar o mundo de carne, prover mestres de capoeira para todo o planeta e ainda exportar petróleo, agora o Brasil produz índices.

O IVH (Índice de Valores Humanos), do PNUD é 100% Made in Brazil. E saiu até no Jornal Nacional. Claro, em época eleitoral, a imprensa, sempre coerente, procurou apenas curiosidades e desculpas para dizer seja que Lula é o messias, seja que é o capeta. Vamos ao que nem o JN, nem a FSP disseram...

Indicador que se propõe complementar ao já famoso IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IVH segue uma tendência em indicadores de Desenvolvimento. Medir a percepção do bem-estar. Desenvolvimento não é sósobre sua realidade, é como você a percebe.

O índice de traz relatos de vivências nas quais os valores têm um papel-chave para o desenvolvimento humano. A proposta é refletir um conceito de “grau de respeito a valores” nas áreas de saúde, educação e trabalho. Quase um espelho subjetivo das mesmas áreas do IDH.

Outra hipótese do IVH é que o “grau de respeito” é um dos fatores de causalidade das macro-realidades medidas pelo IDH. Maio grau de respeito em uma área, maior a chance de a mesma gerar bons resultados. O IVH capta experiências e assim pretende assim detectar processos (não todos) que levam a um pior ou melhor IDH.

O IVH foi obtido a partir de questionários estruturados, aplicados em Janeiro e Fevereiro deste ano (antes da copa e o carnaval ) com 2.002 pessoas (1887 aproveitados), em 148 municípios de 24 unidades da Federação.

O IVH é obtido por uma metodologia comum aos índices. A “santa trindade” das dimensões. Cada uma das três dimensões do IVH varia de 0 a 1. O resultado também vai variar de 0 a 1 — quanto mais próximo de 1, maior a indicação de que as experiências são melhores, de que possuem mais valores. Some tudo, divida por 3 e divirta-se .

Talvez os resultados sejam o menos importante em uma primeira medição, como a do IVH. Chave é atendtar para as dinâmicas entre os subíndices, entender como elas se influenciam, que contradiçoes podem conter, que lógicas e dinâmicas internas o índice traz. 
O IVH é um belo trabalho. Simples e claro como as coisas geniais são. Mas, infelizmente, muito do valor do IVH depende de sua medição repetida. Só assim, teremos a possibilidade de entender seu significado como peça de interpretação e correlação com outros índices. Mesmo tão cuidadoso, a política pode dar ao IVH um baixo índice de longevidade :-)

A Públicaçao toda faz parte do Relatório de Desenvolvimento Humano 2009-2010 e está no

http://www.pnud.org.br/arquivos/arqui1281480680.zip


 
Como se faz um Índice: Metodologia do IVH (com longos trechos do site do PNUD)

IVH-S (Saúde) pretende sintetizar a percepção dos brasileiros em relação: 1) ao tempo de espera para atendimento médico ou hospitalar; 2) à facilidade ou dificuldade de compreensão da linguagem usada pelos profissionais de saúde; e 3) ao interesse que a equipe médica tem pelo paciente. Para cada questão apresentada aos entrevistados havia quatro possibilidades de resposta.

IVH-E (Educação) mescla avaliações sobre os valores que os entrevistados atribuem ao ensino, aos alunos e aos professores.
O primeiro componente averiguou qual a finalidade mais importante qs as famílias atribuem para a educação com opçoes de repostas que representam maiores benefícios públicos ou individuais. Desse modo, foram atribuídos valores de 1 a 4 para as opções de resposta.
Outro componente do IVH-E é formado a partir de respostas da opinião deles sobre os alunos. Para cada um desses aspectos foram atribuídos valores de acordo com a frequência em que são observados: 5 se esses pontos são sempre observados até 1 caso esses pontos nunca sejam observados. A média de frequências de todos os aspectos compõe o indicador de valores dos alunos no IVH-E.
O componente relacionado aos professores é similar. O valor final do IVH-E na dimensão de educação é calculado a partir da combinação dos indicadores relacionados a famílias, alunos e professores. Cada um desses indicadores foi transformado em uma escala de 0 a 1,somados e divididos.

IVH-T (Trabalho) destaca valores de liberdade e reciprocidade. É baseada em um questionário que apresenta 32 experiências no trabalho — 17 relacionadas ao prazer (liberdade com a chefia para negociar o que precisa, orgulho do que faz, realização profissional, solidariedade entre os colegas etc.) e 15 ao sofrimento (estresse, insatisfação, falta de reconhecimento, discriminação etc.). O valor do índice é baseado no número de vezes (de zero a mais de seis) em que o trabalhador experimentou essas vivências nos seis meses anteriores à aplicação do questionário, ou no último emprego, caso a pessoa esteja desempregada.
Para cada experiência de prazer mencionada, foi atribuído um valor de 0 a 6 (assim, se uma pessoa se sentiu reconhecida por seu trabalho cinco vezes, essa resposta recebeu valor 5). Depois, foi feita uma média das 17 situações de prazer. Para cada menção ligada a experiências de sofrimento, foi atribuído um valor de 0 a -6. Se o pesquisado sentiu-se sobrecarregado quatro vezes, por exemplo, essa resposta recebeu valor -4. Também foi feita uma média das 15 vivências negativas.
O IVH-T é calculado de acordo com o tipo de vivência predominante. Quando o número de vivências de prazer no trabalho é superior ao de sofrimento, o IVH-T é igual a 1. Quando há mais experiências de sofrimento, o IVH-T é igual a 0.

Logicamente, se tivessem entrevistado minha equipe, o resultado seria 1,0  rsrsrsrsrs