terça-feira, 13 de julho de 2010

Pobreza e o Intervalo para o 2o. tempo












Baseado no Comunicado do IPEA, lançado hoje,

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/100713_comuni58pobreza.pdf

Jornais, portais e outros meios de preguiça impressa, internética ou falada deram: País pode acabar com a extrema pobreza em 10 anos.  O Comunicado é um belo estudo. Resumido, instrutivo. Leitura fácil e indolor. Mas, jornalista lê? kkkkkk

O comercial de aparelho para abdominal também promete que você perderá 30kg em 2 meses. Em letrinhas pequenas, as condições: Fazer 1000 abdominais por dia e siga uma dieta de fome que eles prescrevem.
Bem, poder pode. O Brasil também poderia ter ganhado de 4X0 da Holanda, a julgar pelo 1º. Tempo.
Acabar com a miséria em 10 anos seria mais difícil que cumprir a meta do abshaper. Pressuporia que os efeitos da redução verificados nos últimos 12 anos continuassem. Mas, não continuarão. O próprio sucesso das atuais formas de redução da pobreza já deu o que tinha que dar. Precisa continuar, sob risco de reversão de quadro, mas seu impacto na redução dos índices já demonstra queda.

Além de pressupor que a atual fórmula mantivesse o impacto, a projeção de 10 anos pressupõe que não haverá mais crise econômica e que o Brasil será hexa campeão. Em resumo, pressupõe que o 2º. Tempo será igual ao 1º. E não será. Sempre há um Felipe Melo, um Robben jogando para o outro lado. Em resumo, crises são padrão capitalista.

Aposto minha camisa autografada pelo Rivelino que (se não houver um acréscimo/mudança no ritmo das políticas sociais) em 10 anos teremos, ainda teremos uma prevalência de pobreza extrema acima dos 6%, o que representará mais de 10 milhões de pessoas.

Porém, o avanço extraordinário conseguido em 12 anos revela que não precisamos de muito para vencer a pobreza. É algo possível. Há os recursos, há a tecnologia. Precisamos é deixar o já-ganhou e entender que o 2º. Tempo será diferente. Políticas de inclusão de juventude, melhoria consistente no nível educacional público (única maneira sustentável de reduzir significativamente a desigualdade) e ampliação da base de PMEs. Por que será que tudo nestes dias termina em metáfora futebolística? :-)