segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Desigualdade e Pobreza: Nem Canadá, Nem Paraguai...

Desculpe-me o "colega" sociólogo FHC :-), que em entrevista neste final de semana disse que "desigualdade não é tudo". Pode não ser tudo, mas é fundamental.

América Latina teve um crescimento econômico forte nos últimos 6 anos, só comparável à década de 70. Mas, como uma diferença marcante. A desigualdade caiu em todo o continente.

Os reflexos nos indicadores sociais de todo o continente são visíveis em redução da pobreza e melhoria de indicadores de saúde e bem-estar. Mas, a desigualdade ainda é muito grande e isto reduz significativamente o impacto positivo do crescimento.

Para entender. Se o Brasil tivesse o mesmo índice de desigualdade do Canadá, o mesmo crescimento econômico experimentado teria reduzido a pobreza a menos de 5% da população, contra os quase % atuais.

É covardia comparar com o Canadá? OK. Se fôssemos tão desiguais quanto o Paraguai, teríamos menos da metade de população abaixo da linha da pobreza. Crecer sem reduzir desigualdades para níveis menos indecentes é enxugar gelo e perder a oportunidade histórica do ciclo de crescimento. Ninguém acha que este ciclo durará para sempre.

Estes e outros dados mostram que crescimento econômico sozinho não resolve (porque resolve pouco e lentamente). São necessárias políticas fortes para redução da desigualdade, que ataquem as brechas, no longo-prazo (educação pública de alta qualidade) e no curto (transferência de renda, créditos subsidiados, políticas afirmativas, etc...).

Sem redução significativa da brecha, melhor se mudar para o Paraguai.

Estes e outros dados no excelente relatório da CEPAL sobre Metas do Milênio e Desigualdade na ALyC.