quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Rio Dividido


Marcelo Nery (CPS/FGV) coordenou um estudo sobre favelas cariocas. Nery mostra que há diferenças profundas entre o asfalto e a favela. Profundas, mas não tão óbvias. Profundas, mas não estáticas. A queda da renda do asfalto aproximou os “dois pedaços”.

O IBGE não trabalha com o conceito de “favela”, que seria de difícil definição geográfica por ser, antes de tudo, sociológico, quase um estigma. O IBGE traz agrupamentos “subnormais” e os define com base em condições (internas e de entorno) de domicílio. A Prefeitura do Rio usa o termo. Nery usa ambos (92% da população dos agrupamentos subnormais vivem em favelas) .

O estudo de Nery aponta importantes dados sobre aumento de renda, desigualdade intra-favelas, escolaridade e perfil etário nas favelas cariocas. Também dá margem a perguntas que parecem não poder ser respondidas pelas estatísticas. Fatores que apontam para a existência de um preconceito que gera perdas, inclusive de impacto de investimento público. Aspectos como os que mostram que cada ano de estudo adicional gera menos aumento de renda se o morador for de uma favela do que do asfalto.

Um dado curioso do estudo de Nery mostra que mais pessoas vivem de programas sociais fora das favelas do que nelas. Na verdade, no Rio, o lugar onde a população mais depende da renda do trabalho é justamente a favela.

O estudo todo, suas apresentações pode ser encontrado gratuitamente em:

http://www.fgv.br/cps/cidadepartida/

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