terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os Mistérios do Voto Feminino



Neste domingo algumas surpresas eleitorais acenderam a luz de alerta nos institutos de pesquisa. Diferentemente do usual, as pesquisas do dia 1 e 2 não se confirmavam nas sondagens do dia 3, as chamadas "bocas-de-urna". Porquê? Rapidamente, analistas do IBOPE, Vox Populi e Datafolha fizeram os cruzamentos e encontram os culpados. Melhor, as culpadas.

O voto feminino se desgrudou da margem de erro. Uma em quase 5 mulheres, principalmente as moradoras das cidades com mais de 500.000 habitantes, mudaram sua tendência de voto, nos últimos dias.

Deixo os porquês específicos de lado. Política anda assunto religioso, no Brasil. Mas há aspectos sócio-econômicos que explicçao a "brecha de gênero". 

Pesquisas realizadas em vários países têm revelado que o voto feminino tem duas condicionantes: uma estrutural, outra incidental. 

A primeira é a que diz que o voto feminino tende a ser mais igual ao masculino em duas situações: Onde há menor desigualdade entre os gêneros e onde há maior. Parece que nos extremos da desigualdade, mulheres e homens votam de maneira similar. As hipóteses são que em locais com muita desigualdade há menos “consciência” desta brecha e/ou maior poder dos homens na determinação do voto feminino. Nos países com as 10 menores brechas de gênero do mundo não há praticamente distinção entre perfil de voto. Mas, onde existe a brecha de gênero é significativa, mas não das mais altas, como no caso brasileiro, mulheres tendem a votar distintamente dos homens.


O outro condicionante do voto feminino é incidental, mas se repete em todos os páises onde este tipo de análise é feita. Mulheres votam mais diferentemente de homens, quando há candidatas. Os homens candidatos são alvo de menor diferenciação de gênero do que suas pares. Por quê? Bem, aí as hipóteses ficam mais complexas. Alguém poderia dizer que as mulheres são mais rígidas com outra mulheres, mas isto já seria machismo ":-)