quinta-feira, 28 de abril de 2011

O QUARTO DA MINHA FILHA & AS EMISSÕES DE CARBONO


Incontáveis vezes repeti a minha filha. - Tire esta bagunça do chão de seu quarto! - Deixe seu espaço organizado! E outros destes conselhos que todos os pais dão e todos são igualmente ignorados.

Noutro dia, entro no quarto dela para a vistoria de rotina. Já com o discurso de sempre na ponta da língua. Mas, tenho uma surpresa. Está arrumado! Associo com a conquista campeonato brasileiro pelo FLU e concluo: Jesus está voltando! :-)

Antes de começar a confessar meus pecados e me preparar para o fim do mundo, decido guardar um livro. Abro o armário. É então que sou atingido por uma avalanche de roupas sujas, papéis, livros e outros objetos até hoje não identificados. Toda a bagunça do quarto, entulhada no armário.

Ao ser confrontada, minha filha responde. - Pai, você disse que não queria nada desorganizado no meu espaço. Dentro do armário não faz parte do meu espaço.

Não há indicador que não possa ser manipulado. Não há político que não tenha sido criança e aprendido a manipular um indicador. Este é o caso das emissões de CO2 e dióxido de carbono.

Quando um país relata suas emissões de carbono para as Nações Unidas, é o dióxido de carbono que sai de chaminés, tubos de escape e incêndios florestais do seu território. Mas e sobre o carbono emitido em outro lugar por pessoas fazendo bens que este país importa? Em outras palavras, e o armário?

Um estudo recém publicado (PNAS, Glen Peters e Outros) examina como o quadro atual das emissões de carbono do mundo se reposicionaria, se o carbono de bens e serviços fosse cobrado contra a conta do consumidor final, não o produtor inicial.

Assim, enquanto Europa se orgulhar de emitir menos carbono em seu próprio território do que em 1990, um consumo do ponto de vista do consumo das importações européias, provenientes somente da já cancela todo o suposto ganho.

Em geral, o estudo constata que as importações líquidas de carbono consagradas em países desenvolvidos cresceram de 400 milhões de toneladas em 1990 para 1,6 mil milhões de toneladas em 2008 — uma taxa de crescimento mais rápida do que a economia mundial ou das emissões globais de carbono.

Na década de 70, o Japão e os EUA já começaram a exportar poluição e consumo de energia barata, quando transferiram grandes siderúrgicas e outras para os países emergentes, como o Brasil. Alumínio, por exemplo, consume quase 3% de toda a energia elétrica brasileira. Depois, exportamos a preços módicos para os europeus e japoneses, que guardam sua energia para produção de maior valor agregado.

Em resumo, minha filha tem futuro no mundo. Só não sei se o armário agüenta.